Era dia 9 de Agosto, quando fomos visitar a Escola Estadual Padre Sabóia de Medeiros, na região sul de São Paulo. Era hora do intervalo e os alunos caminhavam pelo pátio, curiosos com os jovens forasteiros do Coletivo Válvula. Eram mais de 100 pessoas dispersas em um espaço azul com grades acinzentadas nas portas.
Quando o microfone foi ligado, Rodrigo Alcântara começou a apresentar os coletivos participantes daquele dia. Os jovens foram, aos poucos, se posicionando em volta e participando daquele projeto prático de aprendizagem.
“Entre a Ação e o Acesso” foi um espetáculo de interpretação e dança realizado pelo Válvula. O grupo tem embasamento teórico nos pensamentos de Deleuze e as obras de Francis Bacon. A partir de filosofia e arte, os atores buscam trazer a educação de uma maneira mais significativa para estudantes de escolas públicas do Estado de São Paulo. O projeto é feito parceria com Núcleo Iêê, Fragmento Urbano, Pretas Peri, Coletivo Calcâneos, Poetas Edson Lima, Vic Oliveira e Ingrid Martins.
Filosofia e arte pelas ruas da cidade
Com o objetivo de causar uma interferência positiva na rotina dos estudantes, o projeto proporcionou aos alunos um acesso cultural itinerante, unindo filosofia e arte. Nele, o transporte público foi visto não só como espaço de locomoção para chegar à escola todos os dias. Agora ele também é visto como espaço de interferência, cultura e possibilidades.
O evento foi iniciado com apresentação do espetáculo “Linha de Fuga”, na própria escola. Seguido de uma série de intervenções artísticas no transporte público, até a chegada no Projeto Casulo. Lá, aconteceu o fechamento do projeto por meio de um sarau com participação ativa dos próprios alunos.
Aulas de Filosofia foram inspiração
O Coletivo Válvula nasceu em 2014 no Núcleo Luz, da Fábrica de Cultura. A partir das aulas de filosofia com Emílio Terron, os integrantes começaram a pensar essa matéria como inspiração para trabalhos corporais com a dança.
O grupo foi inspirado particularmente pelo texto no “Atual, virtual e o possível”, proposto por Gilles Deleuze. Eles passaram a criar coreografias e explorar a cultura a partir de fenômenos filosóficos propostos por pensadores como Francis Bacon e Focault.
As apresentações começaram nas instituições estaduais nas quais os próprios integrantes do coletivo estudaram. O trabalho foi tão inspirador que acabou ganhando forma e força para percorrer o Estado, apoiado por editais.
O Válvula percebeu a necessidade dos alunos de expor talentos, habilidades e desabafos. Com isso, passou a realizar saraus abertos, após as próprias apresentações. Assim, todos podem participar de forma ativa do espetáculo.